Sul de Minas reivindica trem da Mantiqueira
Foto: Ricardo Barbosa |
Prefeitos e vereadores da região participam de audiência com órgãos públicos para viabilizar projetos nos municípios.
Cidades do Circuito das Águas e da região das Terras Altas da Mantiqueira, no Sul de Minas, estão unidas no esforço para recuperar a ligação ferroviária entre elas e, delas, com o Estado de São Paulo. Para discutir o assunto, lideranças locais participaram, nesta quinta-feira (24/10/19), de audiência da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Atualmente, já existe trem turístico ligando Soledade de Minas a São Lourenço, num trajeto de dez quilômetros do chamado Trem das Águas. Também será inaugurado no início do próximo ano trecho de 20 quilômetros entre São Lourenço e São Sebastião do Rio Verde. Na sequência, há 25 quilômetros abandonados até Passa-Quatro, onde o transporte de turistas é retomado até a divisa com São Paulo.
Esse intervalo, que passa por Pouso Alto e Itanhandu, foi, justamente, o tema da audiência, requerida pelo deputado Gustavo Mitre (PSC), vice-presidente da comissão. Ele salientou que o trecho é da União e não está concedido a nenhuma empresa, o que facilitaria a cessão para o projeto de extensão da malha turística.
Sonho – Vários vereadores de Itanhandu, além do prefeito Evaldo Ribeiro de Barros, participaram da audiência e expressaram o sentimento da cidade, de expectativa de resgate do transporte ferroviário na região, marcado também por fatos históricos como a Revolução Constitucionalista de 1932, que tomou o Túnel da Mantiqueira, por onde passa a linha férrea.
O prefeito de Pouso Alto, Juliano Cláudio da Silva, reiterou que o sonho é o mesmo na sua cidade. Outros municípios da região também enviaram representantes.
Inspiração – Municípios já atendidos por trens turísticos no Sul de Minas relataram, na audiência, a experiência de implantação desse modal e os benefícios trazidos pela iniciativa. O vereador Natanael Paulino de Oliveira, de São Lourenço, lembrou a ligação entre a cidade e Soledade de Minas, feita em 2000, com grande impacto positivo.
O caso mais recente, de São Sebastião do Rio Verde, foi compartilhado pelo prefeito Sandro Lisboa Martins, que contou sobre a dificuldade na elaboração do projeto e sobre a peregrinação pelos órgãos públicos para conseguir autorizações, trilhos, máquinas e ainda o financiamento, feito parcialmente pela Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado (Codemig).
A obra foi cotada em R$ 7,8 milhões, mas, segundo ele, a prefeitura teve que enxugar gastos e assumir outros. Ainda assim, Sandro comemora a implantação do projeto, que já traz reflexos antes mesmo de sua finalização. Também se diz feliz por contagiar outros municípios com o sonho da volta do trem.
“Já observamos um aquecimento imobiliário e de negócios. O trem trouxe também a necessidade de recuperação de áreas de floresta e de uma ponte antiga sobre o Rio Verde, que gera um bom ICMS cultural para o município”, detalhou.
Operação – A implantação de um trem turístico demanda ainda uma empresa ou instituição que opere o sistema. Por isso a audiência contou com a participação de Bruno Crivelari Sanches, diretor-presidente da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), que opera os trechos Soledade de Minas-São Lourenço e Passa-Quatro até a divisa com São Paulo, além de outros trens turísticos no País.
Fundada em 1977 por um francês inconformado com a destruição do patrimônio ferroviário brasileiro, a ABPF tem sete regionais no País, uma delas no Sul de Minas, onde gera 50 empregos diretos. Ela ainda cuida de 80 quilômetros de trilhos e de 22 estações com recursos próprios e realiza operações compartilhadas com concessionárias. “A conexão completa com São Lourenço é peça-chave para o turismo na região”, opinou.
Fonte: Para saber mais a respeito; acesse: https://www.almg.gov.br/acompanhe/noticias/arquivos/2019/10/24_ferrovias_audiencia_trem_sul_minas.html?fbclid=IwAR3wVmfnFvhIi4wMEjHxOr3O-K_cotYBPfrka0a4QGg4ywIzY6Sl6n9YPF4
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